Muros em gabiões no Eixo Norte-Sul (Lisboa)

Muros em gabiões no Eixo Norte-Sul (Lisboa)

A forma mais correcta de construir um muro em Gabiões em malha hexagonal

1. Montagem dos gabiões

1a) Como descrito no modo de execução, a primeira operação é de desdobrar os gabiões que chegam à obra. Após a desdobragem os painéis laterais são levantados e atados entre eles.

Aqui é, muitas vezes, cometido o primeiro erro:

a) Os painéis são unidos entre eles por pontos dados com o arame de atar fornecido

ou

b) Os painéis são unidos entre eles por ligação contínua com o arame fornecido

Atar em modo contínuo o gabião é a forma mais correcta, mas quando encostamos outro gabião atado da mesma forma e depois passamos outro arame para atar os dois, pode tornar-se dificultoso para o operário e a união não ficar perfeita.

1b) O mais simples e correcto é de atar cada gabião individualmente, por pontos, com o arame fornecido (um em cada 30 cm). Posteriormente, quando dois gabiões são unidos, entre eles, será efectuada uma ligação contínua passando o arame em todas as malhas dos dois gabiões, duas vezes em cada duas malhas, como mostra a figura. Esta operação é a mais correcta porque permite uma união firme e próxima dos gabiões.

1c) Em alternativa é possivel utilizar pontos (agrafos com 3,0mm de diâmetro) seja para a montagem do gabião, como para a união entre gabiões. Para a montagem de um gabião, os agrafos são colocados com um espaçamento de cerca de 30 cm. Para a união entre gabiões são, em vez, colocados em cada malha e portanto em cada 11-13cm.

Estas são as formas correctas de atar os gabiões.

2. Colocação dos gabiões.

2a) Uma vez preparados um certo número de gabiões atados entre eles como acima descrito, os mesmo são colocados no local definitivo de construção do muro.

E é aqui que é cometido outro erro frequente, para não dizer, sempre.

Os gabiões colocados, antes de serem cheios com pedra, devem ser esticados.

Esta operação pode ser efectuada de várias formas; o mais importante é que uma extremidade, do grupo de gabiões, seja fixada ao terreno, enchendo-a com pedra, por exemplo, ou atando-a com o gabião de baixo, quando já foi cheia uma primeira fiada.

Sucessivamente vários operários devem levantar e esticar os gabiões vazios com um movimento harmónico (levantar e esticar; levantar e esticar).

Esta operação deve ser feita com o auxílio de luvas.

Outra forma de efectuar esta operação pode ser por meio de um equipamento mecânico tipo tirfor (os operários levantam e o tirfor estica).

Após esta operação o ultimo gabião é cheio com pedra ou atado ao gabião de baixo, ficando assim todos os gabiões em tensão.

A importância desta “pré-tensão” dos gabiões vazios é enorme porque desta forma as paredes dos gabiões à vista ficam tensionadas permitindo deste modo uma maior resistência do muro e uma arrumação mais cuidada das pedras.

É muito fácil detectar este erro cometido pela maior parte dos “montadores” de gabiões porque visualizando o muro verifica-se que a malha é muitas vezes enrolada, sinal que estava folgada.

O objectivo do montador, enrolando a malha, é unicamente de encostar a rede à pedra.

Não pode ser mais errado. A malha perde resistência.

O que se deve fazer é exactamente o contrário:

A rede deve estar esticada e a pedra deve encostar à ela.

Após a operação acima descrita (esticagem) os gabiões devem, a partir da segunda fiada, ser atados aos gabiões da fiada de baixo.

Esta operação deve ser feita da mesma forma descrita no ponto 1b) ou 1c) ou seja passando o arame de atar em todas as malhas dos dois gabiões, duas vezes em cada duas malhas, ou com agrafos.

3. Enchimento dos gabiões

3a) O enchimento dos gabiões é efectuado com pedra de boa qualidade como descrito nas especificações.

O mais importante é que a pedra tenha o calibre certo (100-200mm) e que não se desgaste com facilidade. A pedra do norte do país é certamente a melhor em termos de dureza, mas às vezes apresenta-se com um tamanho demasiado grande. A pedra do centro e sul do país é também de boa qualidade, mas, quando é do tipo calcário, deve-se ter um certo cuidado. Isto porque nas pedreiras de calcário encontra-se, por vezes, veios de lodo antigo que parecem, à vista desarmada, pedras, mas depois, em contacto com a chuva e sol e sobretudo quando sujeitas a cargas, quebram-se.

3b) A colocação da pedra é sempre feita por meios mecânicos, com o necessário cuidado para não deformar a rede dos gabiões.

Os gabiões possuem diafragmas (como descrito nas especificações) e portanto devem ser protegidos, contra a queda das pedras largada pela máquina, com um ferro, do tipo utilizado para armar o betão, que é colocado por cima deles.

A face à vista do muro é sempre realizada manualmente assentando pedra sobre pedra, com um cuidado especial. A qualidade desta operação é, obviamente, directamente relacionada com a qualidade do operário que a executa.
Costuma-se dizer que para a execução de um muro em gabiões não é necessária mão de obra especializada, mas para esta operação é necessário que o operário tenha uma certa formação e sensibilidade.
As pedras escolhidas para a face à vista devem ter quantas mais faces possíveis planas e devem sempre assentar pela face mais ampla.

3c) O grupo dos gabiões a encher deve ser cheio por 1/3 no primeiro gabião, 2/3 no segundo e só o terceiro é totalmente cheio assim como os gabiões a seguir repetindo a mesma operação no topo oposto.

Esta operação, mais uma vez, descuidada pela grande maioria dos montadores, é importante porque permite encostar uma segunda bateria de gabiões e conseguir atá-los da forma correcta como acima explicado. Se os gabiões são cheios na totalidade isto não será possível, ou só com deficiências.

3d) Durante a operação de enchimento dos gabiões são colocados na face à vista e no tardoz pelo menos quatro tirantes por cada m2 de face à vista.

A colocação dos tirantes na frente do muro permite manter as linhas rectas e conseguir assim um correcto acabamento.
A colocação dos tirantes no tardoz permite manter o gabião o mais firme possível. Apesar de não necessitar do acabamento como na frente, um cuidado enchimento e atirantamento no tardoz permite evitar que o muro assente demasiado à medida que se vão colocando as fiadas superiores. Sobretudo, quando o muro é inclinado para montante e quando o tardoz não tem degraus.
É fundamental durante o enchimento a colocação na frente, no tardoz e na lateral de cofragens especificamente estudadas para este tipo de obras feitas com tubos rectangulares. As cofragens são atadas com o arame aos gabiões mantendo-os bem verticais e esticados.

3e) A ultima operação, após o enchimento de cada fiada, é o fecho do gabião com a tampa. A tampa pode já fazer parte do gabião ou pode ser separada, como acontece com os gabiões de maiores dimensões (4x2x1m e 4x1,5x1m).

O modo de atar continua a ser o mesmo como indicado nos pontos 1b) ou 1c).

Conclusão

Sr. projectista, Sr. empreiteiro e Sr. fiscal tenham em atenção estes avisos, não deixem que os vossos muros em gabiões sejam executados de uma forma diferente do descrito nesta pequena memória.

Saibam que a falta de rigor tem prejudicado várias obras realizadas em Portugal nos últimos anos, muitas vezes devido à utilização de mão de obra barata com o intuito de reduzir custos.

Entregar a execução de um muro em gabiões a uma empresa de montadores só porque tem o preço mais baixo, sem prestar atenção à forma como o muro é executado, pode ser uma escolha errada da qual podem arrepender-se mais tarde.